sábado, 28 de abril de 2007

Pixel Magazine #1

Sandman fez pelas HQs o que o Nirvana fez pelo rock de garagem. Tirou do gueto, tornou cool, atraiu a atenção de moças bonitas e mudou a forma de as algumas pessoas se vestirem. Muita gente deixa de prestar atenção em boas bandas esperando o novo Nirvana. E muita história em quadrinhos bacana passa batido porque as pessoas querem o novo Sandman.

Pois bem: novo Sandman não vai rolar. Mas assim como rolou um porrilhão de bandas legais depois do Nirvana, a DC Comics se mexeu e criou Vertigo, um selo para abrigar os descendentes (mas não sucessores) de Sandman.

Até agora, os lançamentos da Vertigo estavam espalhadas por várias editoras. Saia um aqui e outro acolá, de formas esparsas, muitas vezes mal cuidados, caros demais ou distribuídos no círculo restrito das lojas de quadrinhos. No começo desse ano, pela primeira vez, uma editora fechou um acordo para centralizar as publicações Vertigo -- e, de lambujem, a Wildstorm, que era uma linha de quadrinhos mequetrefe no começo dos anos 90 que, aos poucos, começou a ficar bem bacana. Títulos como Authority, Planetary e a linha ABC, de Alan Moore, mudaram totalmente o perfil da editora.

O trabalho da Pixel começou semana passada, com a Pixel Preview -- uma revista de 32 páginas a mais que justos R$ 2,90 e com uma única história, extraída da série 100 Balas. Eu implico com a opção de começar algo estrondoso com um repeteco. A história já tinha saído pela editora Opera Graphica. De qualquer forma, era um aperitivo.

A coisa começa pra valer nesta segunda, quando a Pixel Magazinec chega às bancas do Brasil todo. É uma revista mensal, que vai publicar HQs bacanas a um preço justo (R$ 9,90) e, de carona, divulgar os lançamentos da editora.

São títulos fixos os ótimos Constantine (Vertigo) e Planetary (Wildstorm). Complementam as 100 páginas desta edição uma história curta de Authority e outra da série Global Frequency, que quase virou série de TV (mas o piloto vazou na internet e era sofrível).

Por fim, a minha favorita: Cobweb, de Alan Moore e Melinda Gebbie. É a dupla que fez Lost Girls. É uma pequena obra-prima que saiu na sensacional revista Tomorrow Stories, um antro de histórias curtas brilhantes e personagens geniais de Moore.

Pra completar, a Pixel Magazine está lindona. A capa é over, ok, mas o miolo é elegante e clean. Tem até espaços em branco, algo que está mais para Vida Simples do que para os designs poluidaços de algumas HQs editadas por aqui.

Neil Gaiman nas livrarias

Hoje cedo, encontrei o Cassius Medauar, da Pixel, na Comix. E ele contou que a edição que eles fizeram para as histórias do Neil Gaiman na Vertigo está pronta e deve aparecer nas revisterias nos próximos dias.

Dias da Meia-Noite vai ter capa dura (meio na linha da coleção Sandman da Conrad). Inclui uma história do Mônstro do Pântano que nunca saiu no Brasil eu nunca li, que é a que mais me motiva. E também uma história do John Constantine, que é de uma beleza ímpar.

E tem mais o Sandman Midnight Theatre, um especial que saiu em setembro de 1995 (alguma editora publicou isso por aqui mais tarde, se bem me lembro). Essa história é sensacional. Por causa do sucesso do Sandman, a Vertigo resolveu fazer um título com o Sandman original dos anos 40 -- que era uma série de detetive noir. Chamaram o ótimo Matt Wagner, que veio a ser co-roteirista do especial. E o Midnight Theatre é justamente o encontro dos dois Sandmen. Pra melhorar, a arte do Teddy Kristiansen é um achado.

sexta-feira, 27 de abril de 2007

The Rice Portrait of Jane Austen


Ninguém pagou a quantia exorbitante pedido pelo retrato de Jane Austen no leilão da Christie's. E olha que é uma imagem rara: há apenas outro retrato da escritora, um desenho a lápis feito por sua irmã, Cassandra, que geralmente ilustra seus livros.

A pintura mostraria Jane aos seus 14 anos e teria sido encomendada por um tio-avô, na vã tentativa de tirar a moça de sua solteirice. O quadro ficou na família por seis gerações, e agora Henry Rice, descendente de seis gerações de um irmão da escritora, pôs a venda.

Mas o preço assustou. O preço estimado ficou entre US$ 400 e 800 mil, bem mais do que qualquer outro quadro desse certo Ozias Humphrey, um pintorzinho menor da sociedade na época.

Ainda por cima, a National Portrait Gallery se recusou a comprar o quadro antes -- seus analistas desconfiaram de certos anacronismos nas vestes da moça e de um selo na tela. Dúvidas desse quilate teriam deslocado o leilão de Londres para Nova York.

Na real, a srta. Austen tinha um quê de Salinger do seu tempo: era reclusa, supostamente esquisitona e escrevia as mais fascinantes histórias sobre a juventude mais vivaz de seu tempo. Não é por acaso que seja tão fascinante.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Picaretas


Nesses dias, por conta do livro Como a Picaretagem Dominou o Mundo, eu e o Gabriel Renner falávamos sobre os picaretas.
E eis que ele pôs no Estúdio Pinel o desenho aí de cima.

New book on the block

Tá anunciado para os próximos dias um livrinho chamado A Fortaleza da Solidão. Parece bem bacana, não?

Delírios de um Anormal


Se A Meia-Noite Levarei Sua Alma é um Giotto, Delírios de um Anormal é um Bosch.
Feito em 1978, ditadura mandando ver, com colagens de filmes então proibidos (como O Despertar da Besta), o filme tem duas narrativas paralelas.
Numa, mais convencional, o psiquiatra Hamilton delira que o Zé do Caixão existe, de fato, e quer levar sua mulher, enquanto o próprio José Mojica Marins aparece e intervém, argumentando que sua criatura é só um personagem. É o festival da metalinguagem.
Na outra, várias cenas de um inferno, com tortura, canibalismo e afins vão se somando até formarem uma visão de mundo perfeito de Zé - tão apavorante quanto naïf.
Mas não sou eu quem vai ficar falando de Zé do Caixão. Maldito, do Barcinski e do Finotti, ainda está à venda. É uma senhora biografia.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

terça-feira, 24 de abril de 2007

7

Já escrevi uma resenha para o Universo HQ, a ser publicada nos próximos dias, mas já vou adiantar por aqui meu entusiasmo com Sete Soldados da Vitória, minissérie de Grant Morrison, com vários artistas fodões.

A revista chegou hoje às bancas. Está uma belezura.

Se eu explicar do que se trata aqui, vocês se assustam e não compram. Se eu facilitar e disser que é o grande lançamento na seara dos super-heróis neste ano, vocês vão achar que a série é uma grande bobagem e deixar passar.

Não vou falar nada, portanto. Se quiserem esperar, leiam o review quando sair.

Mas fato é que eu estava colecionando a versão original quando perdi metade da série na mudança. Abandonei a leitura. Mas hoje, quando li, me arrependi de não ter ido atrás antes. Pela primeira edição, Sete Soldados da Vitória tem tudo para ser um marco.

Superman existe!

Acharam kryptonita na Sérvia.

Os picaretas

Comecei a ler ontem à noite Como a Picaretagem Conquistou o Mundo, livro que me chamou atenção numa prateleira qualquer uns meses atrás. Pelo que entendi, parece que virou um best-seller, é isso?

Francis Wheen é um defensor ferrenho do Iluminismo. Quer fatos, não mágica. Nada dessas coisas de florais. Energia é o que sai da tomada. Bacana. É bom achar alguém com bom senso.

Fiquei relativamente surpreso pelo tom, um tanto mais sério e embasado do que eu supus no começo. Ainda estou na "grande picaretagem" da economia liberal dos anos 80.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Segunda efeméride


"Son and heir of a mongrel bitch."King Lear

"Pernicious blood-sucker of slleping men."
Henry VI, II

"...An adulterous thief, a hypocrite, a virgin-violator."Measure for Measure

"That kiss is comfortless as frozen water to a starved snake."
Titus Andronicus

"She adulterates hourly."
King John

"Many a good hanging prevents a bad marriage."Twelfth-Night

"Thou crusty batch of nature."Troilus and Cressida

"Thou smell of mountain goat."
Henry V

"She is spherical like a globe. I could find out countries in her."The Comedy of Errors


E chega.

Para celebrar o dia do livro, e também aniversário da morte de Shakespeare, e também seu provável nascimento, nada melhor que abusos e afrontas do bardo.

As citações saíram do meu pequeno e sempre prático The Bard's Guide to Abuse and Affronts, uma memorabília bem comum nos centros turísticos dedicados ao maior autor de todos os tempos.

A foto foi tirada nos jardins da cabana de Anne Hathaway, sua estimada esposa, em Stratford Upon-Avon. (Por sinal, hora dessas faço um post sobre lá. É o melhor lugar pra se visitar na cidade-natal do bardo)

Primeira efeméride

Dia 19, os Simpsons completaram 20 anos. A família vem da época pré-internet, pré-YouTube, em que as revistas importadas ainda eram caras e pouco acessíveis. Mas a contaminação, dentro dos limites possíveis naqueles dias, foi impressionante.

A série começou como uma série de vinhetas em the Tracey Ullman Show -- que estão disponíveis no box da primeira temporada, em traços ainda mais toscos que aqueles que marcaram a série de Matt Groening em seus anos iniciais.

Quando cheguei nos Estados Unidos, em dezembro de 1989, vi as lojas tomadas pelos Simpsons. Eu não sabia o que era aquilo -- mas aqueles bichos amarelos estavam em capas de revistas, brinquedos e até num telefone na forma do Bart tosco que até hoje me arrependo de não ter comprado.

Em março de 1990, Os Simpsons estrearam na Globo. Foi quando entendi o que era a febre amarela. Também fui contaminado. Agora, passados 20 anos, falta pouco para a estréia do longa.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Desperate Housewives e a lógica das séries

Ontem à noite, com anos de atraso, acabamos de assistir à primeira temporada de Desperate Housewives, série que é volta e meia apontada como uma dessas que valoriza o roteiro e torna a TV norte-americana mais interessante que o cinema de Hollywood (visão que eu acho meio boba: há bons filmes e boas séries cercadas de muito lixo, como é típico de qualquer país do mundo).

Desperate Housewives não escapa à regra de criar uma trama que serve de metáfora para o que seus espectadores estão vivendo. Lost é sobre pessoas que escondem segredos -- e todo mundo esconde alguma coisa. Heroes é sobre um sujeito qualquer ficar especial -- e, na era do YouTube, os 15 minutos de fama dependem apenas de fazer o vídeo certo. (Já escrevi sobre isso num outro artigo, publicado no site Pop Balões.)

Desperate Housewives é sobre os medos que as mulheres de classe média sentem. Mas já falo sobre isso.

O segredo dessas séries parece ser a união entre pesquisa e roteiro na medida certa. A pesquisa chega a um insight devastador sobre o que se passa na cabeça da audiência. O roteiro transforma o insight em um programa que vale a pena ser visto, mas sem ignorar as motivações do público.

Já escrevi por aí minha hipótese de que Lost não perdeu audiência na terceira temporada porque ficou complexa ou porque não resolvia seus mistérios, e sim porque a série começou a mostrar gente sendo punida sem motivo algum. Quando um pecador sofre, o público sabe decodificar o motivo do sofrimento. O castigo divino é basilar na cultura mundial. Quando um herói sofre por uma causa, vira mártir. Quando um sujeito comum é torturado sem motivo algum, esse elo se rompe. E as pessoas começam a ver uma grande injustiça -- e ninguém se planeja para assistir a uma injustiça na quarta às 21h. Injustiças não são um programa imperdível.

Desperate Housewives é baseada em uma segmentação de público. São quatro mulheres de subúrbio, cada uma representando um perfil. Bree é a WASP anal retentiva. Susan Meyer é a bobinha. Lynette é a dona de casa. Gabrielle é a bonitona esperta. A primeira temporada é assim: Edie não está elencada entre as protagonistas, o que, pelo que entendi, muda a partir da segunda.

Edie, dentre as Donas de Casa Desesperadas, é a única que não é uma mulher de verdade, ou seja, não tem uma correspondência na vida real. Fora da TV, a mulher sexy seria a latina Gabrielle. Ser vadia nunca é um perfil, apenas um ponto de vista de um interlocutor. Ninguém se acha vadia. Edie é apenas um dos medos das mulheres -- e em especial da bobinha Susan.

Há outros medos. Bree, WASP e ainda por cima republicana, tem um filho gay, um marido sadomasoquista que é pego com prostitutas e perdeu o controle da situação. Susan tem uma filha mais esperta e madura que ela mesma. Quando encontra o homem perfeito, descobre que ele é assassino e traficante de drogas. Lynette abriu mão da carreira pelos filhos, tem um marido bobo e certinho, mas, por ficar feia, suja e desajeitada, não tem auto-confiança a ponto de acreditar que ele não está com outra. Gabrielle conseguiu subir na vida, mas perde tudo porque o marido fazia falcatruas em sua vida profissional.

Para Desperate Housewives, o grande medo de seu público é descobrir que as pessoas próximas têm uma vida paralela. É natural se a gente pensa nos terroristas de 11 de Setembro, que até o dia 10 eram vizinhos amáveis e bons colegas. O clima de desconfiança norte-americano ajuda, mas funciona até mesmo no Brasil. Não só porque as pessoas traem no escritório, mas porque seu vizinho pode ser um traficante de drogas ou seu colega de aula, de repente, está pegando a garota de quem você está a fim.

O mistério da morte de Mary Alice Young é potencialização máxima disso: um até pouco tempo pacato vizinho que de repente surge com um segredo realmente cabuloso.

Mesmo sem ver a segunda temporada, e sem nenhuma pista sobre ela, eu já diria que um dos fatores que fez com que ela fosse considerada mais fraca é a alteração do jogo de medos. Se, por um lado, a série precisa se renovar, por outro uma mexida substancial é complicada de ser feita quando se acertou o rumo.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Música Perdida

Comecei a acompanhar o Quincazé, músico mineiro com ouvido absoluto, personagem do Música Perdida, do Luiz Antonio de Assis Brasil, meu querido professor.

Gosto muito dos dois livros anteriores da trilogia, O Pintor de Retratos e A Margem Imóvel do Rio. São livros mais curtos, com narrativa econômica, em que cada palavra tem uma função precisa na trama. A um custo: as 200 páginas em corpo razoável de Música Perdida exigiram três anos do Assis Brasil. Além da forma, os três se costuram no enredo: gente de fora vai ao Rio Grande do Sul.

O que, às vezes, parece o meu caso.

domingo, 15 de abril de 2007

Meu Filho, Minha Filha

Chegou sexta na Cultura aqui perto de casa o novo livro do mano Fabrício Carpinejar. Chama-se Meu Filho, Minha Filha. A capa, com contracapa e orelhas, é esta:



Depois de tantos anos convivendo com o Fabrício, sua filha Mariana e seu filho Vicente, é difícil eu falar publicamente sobre o livro. Poderia ficar elogiando forma, ou mesmo celebrando, um a um, os vários achados poéticos e sobre paternidade do Fabrício. Mas não faria sentido. Por isso, escolhi um poema, que vou roubar das páginas e postar aqui. Não foi por acaso -- é um poema que tem muito a cara do Fabrício.


MEU FILHO COMIGO

Xalalim, tudo que gosto
com meu filho grito: "Xalalim!"
Xalalim pra cá, Xalalim pra lá

e ninguém entende.
Alguns pensam que é
um lugarejo em Xangai,

outros que é um mágico.
Os avôs não deixam de supor
que é uma loja de brinquedos.

Tampouco eu e meu filho
compreendemos o que significa.
E essa é a melhor parte da história


Depois do lançamento bombado em Porto Alegre, há uma sessão de autógrafos marcada para São Paulo no dia 3, a partir das 19h30min, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na Paulista. Lá, vai ter apresentação da obra por Celso Lafer e Marcia Tiburi.

Nos Jardins de Kensington

No meio da leitura das 500 páginas de Jardins de Kensington, vi que Rodrigo Fresán vem ao Brasil. Estará na Flip.

Nunca tinha ouvido falar dele até o dia em que vi aquela capa em verde e preto (de Ana Solt e Junior Sacco) na Livraria Cultura. O título, unido às recordações e saudades de Londres, me chamaram atenção. Folheei um pouco, parecia bacana, levei. O livro ficava me encarando. Dizia-me para lê-lo.

Descobri que era um romance costurado com uma biografia de James Matthew Barrie, criador do Peter Pan. A colcha de retalhos inclui Peter Hook (nome de um New Order, mas também amálgama entre o garoto que nunca cresce e seu algoz em Neverland), autor da bem-sucedida série Jim Yang (pense em Harry Potter), prestes a se matar, e mais muita referência à cultura inglesa. Música, filmes, ruas, um rol de personalidades da era pós-vitoriana. Era um monumento à Inglaterra no século 20. Tanto que, imerso na leitura, cheguei a pensar que o original era bretão, e não em espanhol. Se praguejar ferve orelhas, o tradutor Sérgio Molina teve a cabeça esquentada por conta da minha injustiça, que na distração da Neverland de Jim Yang não me dava conta que os termos em inglês não eram resultados de preguiça, e sim do zelo ao original.

Hoje pela manhã, bem cedo, acabei de ler. No livro, achei uma nova Londres. É a mesma que conheci e está na foto acima, tirada em outubro do ano passado nos Jardins de Kensington. Mas Fresán cria uma nova cidade a partir da estátua de Peter Pan.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

No one belongs here more than you

Miranda July, artista, autora de alguns trabalhos em vídeos fantásticos, diretora do longa-metragem Eu, Você e Todos Nós etc. etc. lança logo mais seu primeiro livro de contos. O título é o mesmo deste post. O site é o melhor que já vi para um livro.

Qual a chance de não ser bom? Qual?

terça-feira, 10 de abril de 2007

Eu, hein?

Longe de mim fazer apologia, mas...

Açúcar

Saiu uma nova edição de um de meus livros prediletos: Açúcar, de Gilberto Freyre. Bem por alto, a idéia é a seguinte: ao pesquisar Casa Grande e Senzala, o antropólogo esbarrou nas receitas das casas grandes. E aí compilou no livro, que abre com um belo ensaio sobre o açúcar no Brasil e acaba com receitas de doces incríveis.

Já fiz algumas delas, e minha favorita é o delicioso bolo Santos Dumont, uma lenda aqui de casa.

O livro era raro, saiu pela Companhia das Letras anos atrás, quando comprei, esgotou de novo, e agora está nas livrarias em edição da Global.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Restou do feriado

Macanudo 2 - Segundo livro da série do Liniers, incrível como sempre. Liniers é um gênio, não adianta. É questão de tempo pra ele ser famoso no mundo todo.

Desperate Houvewives - Primeiro disco da série, que a Jeanne alugou por conta de um trabalho. Mas é bem envolvente e promete. Portanto, continuaremos a ver.

Os Infiltrados - Belo filme do Scorsese, hein? E como é bom ver o Jack Nicholson sem interpretar ele mesmo.

Lost, 3ª temporada - Depois de um episódio sensacional, vieram dois episódios mais ou menos. Mas ainda é o melhor jogo que a TV pode oferecer.

Pollock - É um dos meus artistas favoritos, mas eu ainda não tinha visto. Pra uma cinebiografia, começa bem e foge do tom acelerado de documentário ficcional. Mas logo a coisa muda. E acaba mal.

domingo, 8 de abril de 2007

Eu já sabia!

Não era só o Lula que já sabia que havia um caos aéreo. Quem convivia com qualquer piloto, de monomotor a Airbus, já tinha ouvido falar da confusão que estava rolando no céu brasileiro. Todos diziam que uma hora ia rolar uma tragédia. Dizer que o governo sabia não é nenhuma novidade.

É esse mesmo caos aéreo, com áreas de sombra no radar, que permitem aviões de contrabandistas entrarem no país com grande tranqüilidade.

sábado, 7 de abril de 2007

YouTube, não TVTube

E, no fim das contas, os vídeos com copyright do Youtube são minoria -- e menos vistos do que aqueles criados pelos próprios usuários.

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Spiegelman da Flip

Deu na Folha: Art Spiegelman vem para a Flip.

Depois de participar da edição de março da revista piauí, fazendo a capa e uma história longa exclusiva, Spiegelman vem mesmo para o festival de literatura de Paraty.

Mais conhecido por sua multipremiada graphic novel Maus, pela qual ganhou o Pulitzer, o cartunista judeu também está nas livrarias brasileiras com o impressionante À Sombra das Torres Ausentes. Como autor e organizador, participa de Little Lit, um álbum em que quadrinhistas alternativos fazem suas versões para contos de fadas.

Uma de minhas histórias favoritas de Spiegelman ainda não saiu no Brasil. Está numa das antologias da série Expo, e é uma homenagem a Schulz, logo após sua morte. Nela, Spiegelman mistura Maus e Peanuts.

ATUALIZAÇÃO EM 25.5.2007 - Não vem mais. Esqueçam. A mesa de HQs foi cancelada. Se rolar, é no ano que vem. Se.

Desobediência civil

A feira que tem aqui perto de casa é limpinha e silenciosa. Nada de caos, nada de restos de repolho jogados no chão. É uma dessas peculiaridades da Zona Sul.

Mas o Kassab proibiu os feirantes de gritarem para anunciar os produtos.

E hoje, só hoje, uma senhorinha japonesa gritava.

-- NÃO PODE GRITAR! NÃO PODE GRITAR! -- dizia ela, injuriada.

Explotation

Grindhouse, o explotation movie de Robert Rodriguez e Quentin Tarantino, estréia hoje nos Estados Unidos. Por aqui, não tem previsão, mas está confirmado.

Ler o New York Times cedo às vezes causa mau-humor.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Vino Vino

Minha primeira descoberta via Joost é a Vino Vino, uma vinoteca de Nova York que se divide entre uma loja e um wine bar. Ambos tem 200 rótulos de vinhos mais raros e artesanais.

Os preços, vejo no cardápio, estão longe do surreal. São caros, mas pagáveis, por vezes parecendo mais baratos do que custariam numa vinoteca brasileira, com a vantagem de que lá eles vendem em taça. Ainda dá para olhar a agenda e pegar uma degustação gratuita.

O ambiente é bacana -- no bar, tem queijos e afins. E tudo administrado por um casal de ex-publicitários.

Deu vontade.

Livros digitais

“É fácil dizer isso, a palavra 'revolução' é usada demais, ela está perdendo sua força. Mas nos últimos cinco anos, de fato, vimos a comunicação se transformar. Qual será o futuro das livrarias, das editoras, dos professores, dos estudantes? Qual será o futuro dos jornais? Tudo está mudando.”

Robert Darnton, historiador, falando pro Fábio Prikladnicki, da Aplauso. Ele defende o livro digital.

Esse tem sido, por sinal, um dos meus assuntos favoritos. Acho que falta só um suporte decentezinho pro livro digital deslanchar -- e olha que ele está chegando aí a qualquer minuto.

Correio robótico

Os Correios dos Estados Unidos estão preparando uma série de selos de Star Wars para comemorar os 30 anos da estréia do primeiro filme. O site deles ficou todo temático. Você pode votar no selo favorito, por exemplo.

A ação se completa com as caixas de correio, que viraram R2-D2:




As leis da simplicidade

John Maeda é simplesmente brilhante neste livro. Li na época em que estive no limbo dos blogs, mas recomendei pra todo mundo e fiz muita, muita gente comprar.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Downloads up

Quem disse que a humanidade aprende com o erro?

Uns anos atrás, quando ainda estava às voltas com jornalismo digital, vi as gravadoras olharem o MP3 com certo desprezo. E também alguma soberba: achavam que eram grandes o suficiente pra enfrentar a massa que começou a usar a internet para pirataria.

Deu no que deu.

Hoje, o Blue Bus abrigou um, errr, debate sobre alguns canais de TV por assinatura que andaram mutilando séries para ampliar o espaço comercial, algo que pega mal não só para o canal, mas também pro pobre anunciante, a quem provavelmente foi prometido um horário concorrido e bacana.

Desse jeito, não fica difícil profetizar que mais um povaréu tenderá a migrar para os tais torrents -- que saem de graça, que não vêm com propaganda (só merchandising), que podem ser vistos a qualquer momento e ainda têm a vantagem de apresentar os programas logo depois de sua exibição norte-americana, versus as semanas (ou meses) de espera da versão nacional.

Quem também anda ignorando tacitamente o rombo que os downloads estão causando é a pequena indústria de quadrinhos. Como é um mercado pequeno, ainda não é um assunto muito falado por aí. Mas quem está dentro, ou por perto, sabe que o volume de piratas de quadrinhos é monumental há anos. O Dan Slott, um bom e jovem roteirista, andou reclamando, mas o tom me lembrou muito os discursos das gravadoras antes da queda.

Ronnie Von de novo

Um punhado de bandas independentes fez novas versões, faixa a faixa, para os dois álbuns psicodélicos de Ronnie Von. Os discos originais são obras-primas do rock brasileiro. O quase esquecimento é um dos mais ingratos de que se tem notícia. Ele simplesmente reduziu um artista brilhante a principezinho do Rei na cabecinha do pessoal.

Já faz um tempinho que os discos têm reaparecido vez que outra. Ora era a Video Hits regravando Sílvia 20 Horas, noutra, a TPM entrevistando o cara. Mas ainda tá longe de todo mundo saber que esses álbuns existem e são bacanas.

Legal é que você nem tem que se levantar pra comprar o CD. Tá tudo de graça na internet, num site que descreve todo o projeto, com blog e tudo, e ainda dá as músicas. Foi lá que descobri que quem criou e orquestrou o lance todo foi a Flávia Durante, que eu só conheço por e-mail, MSN, essas coisas.

Tou baixando. Ouço na volta, que será tarde, ou amanhã cedinho.

Rio de Jano

Vimos nesta semana, com anos de atraso, o documentário Rio de Jano, que registra a passagem do cartunista francês pela capital carioca para o livro da série Cidades Ilustradas.

O Jano (que eu sempre chamava de Jano, mas o certo é Janô) é um cartunista underground bem popular por lá. Bem a grosso modo, é o Angeli deles. E no filme ele fica andando pelo Rio, desenhando e observando coisas.

Sensacional é quando ele olha uma vitrine de calça gang na periferia e diz que o Brasil é o único lugar do mundo em que os manequins são cortados ao meio e ficam de costas pros consumidores. O fenômeno não é suburbano: eu lembro de ver um manequim assim em Ipanema. Mas, de repente, nem tenho certeza de ser algo tão carioca, não.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Duas adaptações

No cinema, duas adaptações.

Uma é de O Cheiro do Ralo, primeira novela de Lourenço Mutarelli, um livro soturno e denso, tão preto-e-branco quanto os quadrinhos do cara. E um dos meus favoritos. Virou um filme colorido na forma (e isso começa nas cores que cercam a bunda da cena de abertura e se espalha por toda a película), mas ainda perturbador. E brilhante, diga-se de passagem. A sala em que vi estava quase vazia. Não deveria.

A outra é 300, graphic novel de Frank Miller. Originalmente, é todo colorido. O filme mantém os mesmos tons que o trabalho da colorista Lynn Varley, só que mais fumacentos. Visualmente, é espetacular -- faz de Maria Antonieta um filme contido. Mas o enredo é épico demais, sempre no mesmo tom, como se o clímax começasse passados os primeiros cinco minutos. A frase "Tonight we dine in hell", que vem sendo cultuada, pode passar batida a um desatento. A sala em que vi estava vazia. Inesperado, mas justo.

Por coincidência, as duas obras, tão contrastantes, foram reeditadas agora pela mesma Devir.

domingo, 1 de abril de 2007

Maria Antonieta



Parece que Sofia Coppola não conseguiu resolver um problemão neste Maria Antonieta: é uma história com começo quase desconhecido, mas cenário político e desfecho bastante popular. Então ela simplesmente passa por cima disso tudo. E mostra o que rolava na corte francesa e mal chega na derrocada de Luís XVI.

Sem ouvir os dois lados, Maria Antonieta é um filme marxista: a culpa da Revolução Francesa não é dos indivíduos, e sim do processo histórico. E ao mesmo tempo, mostra os indivíduos fazendo o processo histórico.

Muito além da plasticidade e da trilha sonora espetacular, Maria Antonieta é um grande filme.

Itaú Contemporâneo

A mostra Itaú Contemporâneo, com obras do acervo do Itaú, tem recebido destaque porque a Bia Lessa pôs as obras no chão do Itaú Cultural. Virou polêmica até nos guias semanais dos jornalões. Algumas críticas reduzem tudo a esse pequeno recurso, que até funciona, como se a mostra toda fosse apenas uma sala com obras no chão. Não é.

Tanto a mostra quanto o trabalho de Bia Lessa ultrapassam uma única sala e se enveradam por vários andares do prédio, expondo 127 trabalhos realizados ao longo dos últimos 25 anospor artistas brasileiros, incluindo aí Vik Muniz, Iberê Camargo, Siron Franco etc. Nem tudo, só aquela sala dedicada à beleza nas artes visuais, está com quadros no chão. Mas a montagem é sensacional, com as etiquetas das obras coladas no chão, deixando as paredes brancas, e com cortinas densas de cordinhas separando espaços e salas, todas unidas por um corredor negro.

Goya no Masp

É a segunda vez que vou ao Masp neste verão e, de novo, estava um calor do cão lá dentro, principalmente no segundo andar -- onde está o acervo com aqueles Picassos, Van Goghs, Renoirs, renascentistas e, agora, as gravuras do Goya. Não consigo imaginar o resultado que a alta temperatura, constante porque o sol bate no teto do prédio todo dia e o ar condicionado não dá conta, provoque nas obras.

Mas, mesmo assim, não dá pra não ver o Goya. São quatro séries e 218 peças no total: Os Caprichos, Desastres da Guerra, Tauromaquia e Provérbios ou Disparates. Disparates me parece a melhor, seguida de Desastres da Guerra.

Nem sei como a Caixanova emprestou sua coleção. Será que não verificaram o prédio antes? O Masp precisa urgentemente de uma reforma, até porque é a sala do acervo a que mais sofre com o calor. É uma pena.

De resto, há uma boa mostra de Alex Flemming dando sopa no primeiro andar. E as novas aquisições do museu, todas doações, estão lá em baixo, junto com uma nova rodada da coleção Pirelli.